A Responsabilidade de Pregar Sem Adulterar a Palavra de Deus


Reflexão Bíblia no Texto de 2 Coríntios 4:2
"pelo contrário, rejeitamos as coisas que, por vergonhosas, se ocultam, não andando com astúcia, nem adulterando a palavra de Deus; antes, nos recomendamos à consciência de todo homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade".

Ao meditar nas palavras do apóstolo Paulo em 2 Coríntios 4:2 — “nem adulterando a palavra de Deus” — sou profundamente confrontado com a responsabilidade sagrada que repousa sobre os ombros de todo pregador do Evangelho.

Cada vez que leio esse versículo, sinto o peso e a dignidade do chamado divino, lembrando-me de que o meu papel não é agradar aos ouvintes nem buscar aplausos, mas ser fiel à Palavra que me foi confiada. 

Paulo foi categórico: ele se recusava a manipular, distorcer ou ajustar a mensagem para torná-la mais aceitável. A fidelidade à verdade bíblica era a marca de seu ministério. Ele sabia que a Palavra de Deus não precisa ser adornada ou diluída — basta ser proclamada com sinceridade e poder espiritual. 

O termo “adulterar”, usado por Paulo, significa falsificar, corromper ou misturar algo puro com elementos estranhos, como o comerciante desonesto que dilui o vinho com água para obter lucro. Da mesma forma, muitos, movidos pelo desejo de agradar aos homens, acabam misturando a verdade divina com filosofias humanas, modismos teológicos ou interesses pessoais, enfraquecendo a mensagem do Evangelho. 

Essa advertência é extremamente atual. Em um tempo em que tantos buscam relevância, popularidade ou crescimento rápido, o risco de comprometer a pureza da mensagem é grande. Quando a Palavra é adulterada — ainda que de modo sutil — ela perde o poder de confrontar, corrigir e transformar. A pregação deixa de ser o eco da voz de Deus e se torna apenas um discurso humano, moldado para entreter, e não para edificar. 

Paulo, entretanto, rejeita qualquer prática astuta, qualquer manipulação ou uso desonesto das Escrituras. Ele não se valia de truques para atrair plateias nem buscava aprovação pessoal. Seu compromisso era com a verdade, e seu objetivo, a glória de Deus. O apóstolo não pregava para impressionar, mas para transformar; não falava para agradar, mas para conduzir as pessoas à obediência da fé. Essa integridade no ministério é o que deve inspirar cada pregador que deseja servir ao Senhor de maneira fiel. 

Eu, como ministro do Evangelho, devo ter o mesmo zelo e o mesmo temor. Não posso adaptar a mensagem às preferências dos ouvintes nem moldá-la segundo as exigências culturais do meu tempo. A Palavra de Deus é eterna, imutável e poderosa — e a minha responsabilidade é apresentá-la com clareza, honestidade e reverência. Quando tento ajustá-la ao gosto humano, corro o risco de me tornar culpado da mais detestável prática ministerial: falsificar a mensagem recebida do Senhor. 

O poder para transformar vidas não está na eloquência do pregador nem em sua capacidade de persuadir, mas na autenticidade da Palavra proclamada no poder do Espírito Santo. O meu desejo é que, ao ouvir a mensagem, as pessoas sejam levadas a examinar as Escrituras por si mesmas, como faziam os bereanos, e encontrem nelas a verdade que liberta. Por isso, oro constantemente para que o Senhor me conceda graça, temor e coragem. Que eu nunca use a Palavra de forma enganosa, nem misture erro com verdade. Que eu pregue com integridade, coragem e amor, consciente de que sou apenas um servo, e que a Palavra, quando anunciada em sua pureza, jamais volta vazia. 

Que Deus me ajude a permanecer fiel, mesmo quando a verdade não for popular. Que o meu ministério seja marcado não por aplausos, mas pela fidelidade. Pois a maior honra que um pregador pode ter é ser reconhecido, não como alguém que agradou aos homens, mas como alguém que foi fiel ao Deus da Palavra e à Palavra de Deus.

 Pr. Fernando Tavares